Taniko, O Rito do Mar, peça de teatro Nô inicialmente escrita no século 15 por Zeami e adaptada pelo irmão de Zé Celso, Luis Antônio Martinez Corrêa, em 1987, ano de seu assassinato. Taniko, conta a história de imigrantes japoneses, mochileiros budistas, numa viagem de barco Japão-Brasil. Participei da montagem encenada por Zé Celso, em 2008, no Teatro Oficina. Zé dizia que era uma peça de “Teatro Nô Bossa Nova Tranzênico”. Foi uma montagem peculiar, uma encenação “apolínea”, com poucos atores no elenco, não durava nem duas horas de peça. Eu adorava participar, como adorei participar do processo de montagem do espetáculo.

Lembro-me do ensaio de uma cena, onde eu tocava na flauta uma “deixa”, era uma frase simples…mas que a cena dependia dela pra seguir. Zé, por umas 7, 8 horas não avançava para as próximas cenas …. até estar como pretendia. Lembro também uma vez que Caetano Veloso estava na plateia, sentado quase em frente a mim (quase), e estava tudo ótimo até o momento que vi sua presença. A partir dali “errei” tudo o que eu podia e não podia. Travei, rs!

Taniko - O rito do mar: Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona
Taniko – O rito do mar: Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona

A banda tinha o Rodrigo Gava, que tocava guitarra, soltava e fazia a sonoplastia ao vivo com teclado e pads, Guilherme Calzavara, que tocava batera e um sopro muito louco, parecia um sax soprano, mas era outro instrumento, Marcos Leite no baixo, Adriano Salhab no violão (e na direção musical). Eu tocava flauta transversal, pífano e alguns efeitos na percussão. Todos cantavam! A música deste espetáculo tem um rigor, um primor, um encantamento, uma beleza (sempre tem…Teatro Oficina é referência em música de cena) e a produção conseguiu agilizar a feitura de um álbum musical com a trilha da peça, produzido no estúdio Madalena Ste do Dipa e dirigido por Adriano Salhab e Guilherme Calzavara. Neste trabalho, além do coro vocal incrível, é possível escutar solos com Célia Nascimento, Camila Motta, Sylvia Prado, Marcelo Drummond, e com o Zé. Como um espetáculo de “NoBossaNovaTrazênico”, fizemos um mergulho na ideia de uma bossa nova para o teatro. É como traduzir a imensidão de João Gilberto para o teatro… de fato nenhuma palavra dá conta de contar o que cantamos.

Ficou curios@? Dà pra ouvir tudo aqui:

Abraços e beijos. 

Fotos: Lenise Pinheiro